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Entre Luz e Sombra: O Espelho da Alma

A gente aprende cedo a escolher lados. Ser forte. Ser bom. Ser luz. E a sombra? Ah, a sombra… a gente aprende a esconder.

Senta aqui, fecha os olhos e respira fundo.

Antes de falar em feitiços, círculos mágickos ou velas acesas sob a Lua, a gente precisa falar de algo ainda mais importante: a nossa própria alma.

Dentro da gente moram forças que nem sempre encaramos de frente.

Luz e Sombra. Confiança e medo. Amor e raiva.

Aceitar que somos feitos desses opostos é mais do que entender um conceito: é acolher quem realmente somos.

Na magia, na bruxaria, no caminho da Arte, trabalhar com a sombra não é opcional — é essencial. Não adianta criar círculos perfeitos, entoar encantamentos, erguer athames ao céu... se a gente finge que metade do que sente não existe. A sombra ignorada cresce no escuro. O medo não olhado vira um monstro maior do que precisa ser. A dor reprimida se espalha feito erva daninha, enraizando e roubando energia de tudo o que toca.

A Sombra Não É Inimiga

A sombra assusta porque a gente esqueceu como escutá-la. Ela carrega dores antigas, vergonhas guardadas, medos que sussurram no escuro. Mas também guarda sua força bruta, sua capacidade de sobreviver, seu instinto de proteger o que é sagrado.

A sombra não é para ser exilada. É para ser abraçada.

É sentando na beira do próprio abismo que a gente entende o que é voar. Não há verdadeira magia, verdadeira transformação, sem antes encarar aquilo que tentamos deixar trancado atrás das portas internas.

A Bruxa que não conhece sua sombra é uma feiticeira cega. Aquela que enfrenta o próprio caos, porém, molda a própria luz.


Conheça a ti mesmo e conhecerá o universo.

Fazer o trabalho com a sombra é como deixar a concha.

Existe um caranguejo, que não nasce com concha, mas busca a proteção de conchas abandonadas por moluscos... Acontece que se este caranguejo não trocar de concha de vez em quando, não cresce, fica apertado, preso à uma concha pequena que só irá ferir, incomodar e prejudicar sua vida em vez de protegê-lo. Então, ele avalia os riscos, os medos, abandona sua antiga casca e parte em busca de uma nova que seja adequada a ele, pelo menos por mais um pouco de tempo até que cresça e repita o processo.

Sair daquela zona de conforto onde a gente tenta "esquecer" o que incomoda, empurrando as feridas para o canto mais escuro da mente, muitas vezes parece o obvio e certo a se fazer, mas na verdade só estamos prolongando uma dor, aumentando um sofrimento, criando novos problemas e limitações. Mas não tem como construir um templo firme sobre um chão rachado. É preciso olhar, tocar, curar — e aceitar que somos inteiros, feitos de luz e que toda luz verdadeira, projeta sombras.

Deixar a concha é o momento em que a alma cansada de fingir aceita se mostrar inteira. Sair da proteção confortável do "eu ideal" para encarar o "eu real" é um ato de coragem. É abrir mão da máscara polida para abraçar o ser imperfeito — e sagrado — que habita dentro.

A luz nos mostra o caminho. Mas é a sombra que ensina onde pisar com mais cuidado.

Cada medo reconhecido, cada tristeza acolhida, cada pedaço de raiva entendido... é uma ferida que para de sangrar e vira tatuagem de sabedoria na pele da alma.


O Que é Trabalhar com a Sombra?

Trabalhar com a sombra é conversar com as partes que você preferiria esconder. É reconhecer que medo, insegurança, raiva, ciúmes, tristeza — todos esses sentimentos — fazem parte de você. Trabalhar com as sombras é fazer uma terapia íntima e profunda consigo e seus mais diversos Eu's que habitam sua essência.

Quando a gente acolhe a própria sombra, ela para de nos sabotar no escuro e se torna força, ponte e sabedoria.

Não existe crescimento mágicko sem autoconhecimento. Caminhar entre os mundos é caminhar primeiro dentro de si mesmo.

No fim das contas, o trabalho da sombra não é uma guerra. É uma conversa.

Uma mão estendida no escuro. Um convite para dançar — não para vencer.

Quem acolhe a própria sombra acende uma luz que o mundo não pode apagar.

E essa Arte é tua. Sempre foi.

A Harmonia que Cura

A harmonia verdadeira não é eliminar a sombra. É dançar com ela. É permitir que luz e sombra coexistam — e, juntas, revelem quem somos de verdade.

Quando reconhecemos nossa raiva, podemos transformá-la em ação construtiva.

Quando abraçamos nossos medos, descobrimos a coragem escondida por trás deles.

Quando cuidamos da nossa dor, abrimos espaço para curar não só a nós mesmos, mas também quem caminha ao nosso lado.

Na prática mágicka, esse equilíbrio se reflete em tudo: no círculo que abrimos, nos feitiços que lançamos, nos vínculos que construímos com a Terra e com os Deuses.

Quando você dança entre luz e sombra, não está dividido. Está inteiro.

🕯️ Práticas Simples para Trabalhar a Sombra

Quer começar a se encontrar de verdade?

Tenta alguns desses caminhos:

🔸 Diário de Sombra: escreva, sem censura, tudo que sente. Raiva, medo, vergonha... tudo o que você tenta esconder de si, tudo o que te faça chorar, que doa em seu coração.

🔸 Espelho da Alma: olhe no espelho, em silêncio, por alguns minutos. Permita que venham as emoções. Não julgue. Só observe.

🔸 Meditando no Escuro: apague todas as luzes. Sente-se com a própria companhia. Deixe a mente vagar. O que surge merece ser acolhido, não combatido.

🔸 Ritual de Aceitação: acenda uma vela preta (transformação) e uma branca (clareza). Honra a sua luz e a sua sombra em um único gesto. Isso pode ser feito no início da prática, você pode escrever palavras e queimar na chama da vela, não para destruí-las, mas para que sirvam de combustível para sua reforma interna, para sua desconstrução e reconstrução íntima e pessoal.

A luz sem sombra é cega. A sombra sem luz é ilusão. Mas juntas... elas fazem nascer a visão verdadeira.

E no fundo, a bruxaria — como a vida — é isso: não lutar contra quem somos, mas dançar com tudo o que somos.

Então, senta aqui, fecha os olhos e respira fundo.

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