Sabbath - Samhain
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Samhain
🌒 SAMHAIN — O Véu Fino da Morte • 1º de Maio
O Deus já partiu para o mundo dos mortos, onde reina silencioso. O véu se torna fino. A luz é tênue e fria. A Deusa, agora Anciã em sua forma mais completa, governa a travessia. Ela guarda o ventre do renascimento, enquanto vela pelos que partiram. Ela já está gestando o novo Sol, o novo Deus. É o fim e o começo. O portal do invisível é aberto. E então, a Roda gira.
✨ Mito e Narrativa: O Reencontro com o Mistério
Na mitologia wiccana, Samhain simboliza o momento em que o Deus morre, deixando sua semente germinando no útero da Deusa, que permanece soberana como a anciã da Lua até o renascimento do Deus em Yule. Nessa fase da Roda, a Deusa assume seu aspecto de Anciã e Guia das Almas, enquanto o Deus – por vezes associado a Cernunnos, o Senhor da Morte e Caça – entrega sua energia criativa para ser regenerada. Muitos rituais evocam o “Senhor das Sombras, Deus da Vida” pedindo que os ancestrais vivam conosco nas lembranças e em nossas celebrações e que possamos, com nossas vidas, honrar os que morreram; é dito que, ao fim do ciclo, tudo se reinicia. Em outras palavras, Samhain encarna o ciclo natural de morte e renascimento: tudo que descansa na noite encontrará nova forma na luz futura.
🕯️ Celebrações Wiccanas
Os wiccanos celebram Samhain tanto em grupo quanto de forma individual, sempre com toques de reverência aos mortos e à transição interior. Em covens, é comum montar um altar festivo e ritual, muitas vezes ao ar livre ou sob o luar de maio aqui no hemisfério sul. Elementos simbólicos – como maçãs, abóboras, grãos e crânios – são dispostos para simbolizar o fim da colheita e a lembrança dos que plantaram e colheram antes de nós. Fotos ou lembranças dos ancestrais são colocadas no altar, e velas são acesas em sua homenagem. Durante o rito, os participantes podem compartilhar histórias dos entes queridos que partiram, ler nomes em voz alta ou até visitar um cemitério juntos para prestar homenagens. Danças e cantos celebram o ciclo da vida e da morte; pode-se servir um banquete ritual, onde cada alimento representativo – do sangue do vinho à terra do pão – é consumido em comunhão, reforçando o elo com a Deusa Mãe e o Deus renascente. Ao fim do ritual, liberam-se gratas intenções para o novo ciclo que germinará.
Mas também é perfeitamente celebrado de maneira solitária: cada bruxo ou bruxa pode criar um momento íntimo de conexão. Dentre as práticas comuns estão erguer um pequeno altar de Samhain e dos ancestrais. Por exemplo, monta-se um altar decorado com itens de outono (folhas secas, velas laranja, pedras escuras) e fotos de entes queridos que já partiram. Outros realizam uma “ceia silenciosa”: preparam uma refeição simples (como sopas ou pães) e compartilham-na em silêncio à mesa, apenas em respeito aos ancestrais que se juntam ao momento. Alguns deixam alguma comida e bebida sobre o altar ou na entrada da casa, como tributo — animais podem consumir os alimentos na noite fria. Momentos de meditação à luz de velas, leitura de cartas de tarô ou outros oráculos buscando orientação, ou escrita num diário recordando memórias e perdões também são frequentes. A flexibilidade é a regra: tanto em grupo quanto individualmente, o essencial é criar um espaço reverente de contemplação do ciclo de vida e morte, matéria e energia, em movimento, em transformação constante.
🌿 Correspondências Mágickas
Cores: Samhain é associado às tonalidades do outono e da noite. Usam-se especialmente preto e marrom como a escuridão e a terra, além de laranja, vermelho, amarelo e roxo, refletindo folhas secas e fogueiras.
Elementos: Elemento Terra em destaque, pois simboliza o repouso e a sementeira oculta. Muitas vezes o elemento Éter também é enfatizado, representando a ligação com os ancestrais e o Oculto. A Água simboliza a conexão com as memórias; o Fogo simboliza a esperança do retorno da luz; o Ar simboliza o véu envolvendo tudo. É um sabá que fecha e reabre um ciclo, envolvendo todos os elementos ciclicamente.
Ervas e Plantas: Patchouli, sálvia, alecrim, urzes, verbasco e artemísia, cedro e cipreste são comumente usadas. Folhas secas, milho e abóboras também entram na decoração ritualística. Essas ervas possuem propriedades de proteção, purificação e intuição. Sementes de abóboras servem muito bem como Runas.
Cristais: Pedras escuras como obsidiana negra, ônix negro e lápis-lazúli são favorecidas para absorver energias e proteger o praticante. Cornalina, âmbar, turquesa, conchas, corais e fósseis simbolizam a passagem do tempo e a conexão com o passado. Ametistas e Quartzo-Fantasma também são usados.
Animais: Morcegos, corvos, corujas, gatos e cães pretos e outros animais noturnos se relacionam ao mistério e à transição entre os mundos.
Símbolos: Incluem a lua minguante, a lua nova, caveiras e crânios, folhas de outono, abóboras e velas. A vela esculpida em abóbora (Jack-o’-lantern) tem raízes pagãs de guiar espíritos. O caldeirão aparece como símbolo de transformação e portal para o Outro Mundo, sendo também o ventre do nascimento da vida.
🍲 Alimentos e Bebidas Típicas
Durante Samhain, a cozinha ritual celebra as dádivas do final do ciclo. Pratos comuns remetem à colheita tardia e à ancestralidade: abóboras (tortas e purês) representam abundância e proteção; maçãs são sagradas, símbolo de conhecimento e da vida cíclica; pães e bolos (biscoitos de gengibre, pães de especiarias, “pão dos mortos”/soul cake) honram os espíritos; carnes e ensopados (aves, porco) representam o último banquete antes do inverno; bebidas como cidra, vinho tinto e hidromel simbolizam o sangue da terra e o poder vital do Deus que dorme na terra.
Na preparação desses alimentos, é costume imbuir cada receita de intenção — consagrar e oferecer, celebrando a generosidade da natureza e a conexão com os que vieram antes.
🔰 Rituais Simples de Samhain
Além das cerimônias formais, há vários rituais simples que qualquer um pode fazer durante o Samhain, seja sozinho ou em grupo, para entrar na atmosfera do sabbath:
- 🕯️ Altar de Samhain para os Ancestrais: Monte um altar específico para o sabbath, incluindo velas e elementos de outono e fotos, cartas ou objetos dos entes queridos já falecidos. Essa mesa sagrada torna-se um ponto de foco para meditar e oferecer homenagens.
- 🍽️ Ceia Silenciosa: Prepare uma refeição, mesmo simples, e sirva-a em silêncio total em memória dos mortos. Convide familiares ou amigos para compartilhar esse momento contemplativo. Velas acesas e objetos simbólicos à mesa ajudam a criar reverência enquanto cada um lembra das histórias dos ancestrais.
- 🌿 Oferendas: Coloque no altar ou fora de casa pequenos pratos com comida, bebida, pães ou frutas como oferenda aos animais da natureza. Após a noite de Samhain, o que sobrar pode ser enterrado como ato de retornar a dádiva à terra.
- 🔥 Liberação Simbólica: Escreva num papel aquilo que deseja abandonar — medos, emoções antigas, maus hábitos — e queime-o numa vela ou fogueira controlada. Esse ato ritual de purificação auxilia no desprendimento do que não serve mais.
- 🔮 Conexão com o Véu: Aproveite a energia de véu fino para meditar ou trabalhar as sombras. Faça leituras de oráculos para insights sobre o próximo ciclo.
🔺 Ritual Completo de Samhain
Preparação e Purificação: Tome um banho ritual com ervas, por exemplo, artemísia ou alecrim, para limpar energias. Escolha roupas leves ou ritualísticas. Purifique o espaço com incenso e delimite seu círculo mágicko.
Fechamento do Círculo: Oriente-se sobre os quatro pontos cardeais, evocando as energias dos Quatro Elementos. Proclame a criação do círculo, por exemplo: “Neste círculo sagrado trabalho protegido pelas forças do Deus e da Deusa.”
Invocação das Divindades: Chame a Deusa na forma da Anciã e o Deus em seu aspecto de Senhor dos Mortos. Por exemplo: “Ó Grande Mãe anciã, guardiã das almas, e Tu, Deus das Sombras, recebei nossa homenagem. Acolhei este círculo enquanto viajamos entre a vida e a morte.” Durante a invocação, podem ser colocados no altar oferendas como pão consagrado e cálice de vinho, abençoando-os em nome das divindades.
Consagrações e Oferendas: Consagre elementos do sabá – por exemplo, abençoar a comida servida ou ungir objetos com óleos. Oferte simbolicamente um bolo aos deuses. Também podem ser acesas velas em memória de ancestrais, cada participante nomeando um ente querido.
Interação Simbólica: Realize uma ação central que incorpore o tema do sabá: cortar uma maçã ou pão em fatias, compartilhando-as entre os presentes; ou plantar sementes simbolicamente em terra, visualizando novas intenções germinando. Pode-se também queimar algo que se deseja deixar para trás.
Comunhão e Meditação: Sentados em círculo ou em frente ao altar, faz-se uma breve contemplação guiada. Podem ser contadas histórias de ancestrais, tocadas músicas suaves ou entoados cânticos simples. O silêncio também é sagrado.
Encerramento do Ritual: Agradeça às divindades e aos presentes. Desfaça o círculo no sentido contrário, apague ou mantenha acesso o fogo e velas do altar conforme o costume. Por fim, finalize agradecendo à terra, ar, fogo e água, e recolha os pertences físicos do ritual.
🌑 Simbologias e Ensinamentos de Samhain
Samhain carrega símbolos profundos sobre o ciclo da vida e o mistério da morte. O sangue da Deusa gerando o Deus, a semente enterrada na terra fria, são metáforas de renascimento. Samhain é um “Lugar de Renascimento” – o momento de “ferver o caldeirão da mudança” e plantar as sementes do ano que virá. Para os wiccanos, este sabá ensina a reconhecer a importância do repouso e da transformação: assim como a terra adormece no inverno para germinar mais tarde, nós também devemos deixar morrer o velho para acolher o que nasce de novo.
Além disso, Samhain enfatiza a introspecção e o trabalho com a “sombra” pessoal. No véu fino entre os mundos, confrontamos nossos medos e sombras internas – confiando que estes também fazem parte da jornada rumo à luz. O respeito aos ancestrais é outro ensinamento chave: honrar quem veio antes reforça nossa própria identidade e nos recorda de que fazemos parte de uma linhagem contínua. Em suma, Samhain nos lembra que a morte não é fim absoluto, mas porto de passagem. Ele nos convida a aceitar a impermanência, praticar gratidão e confiança – valores que iluminarão o novo ciclo de vida.
📜 Origens Históricas
Trechos abaixo sobre origem e retirados dos ensinamentos de Ágatha Kimura.
Samhain (fala-se “Sou-win”) é um festival gaélico marcando o final da festa de colheita e começo do inverno, a "metade mais escura" do ano. No hemisfério norte é realizada em 1 de novembro, com celebrações começando na noite de 31 de outubro; no Hemisfério Sul é em 30 de abril e 1 de maio. É um dos quatro festivais sazonais gaélicos, junto com Imbolc, Beltane e Lughnasadh. Historicamente foi amplamente observado em Irlanda, Escócia e Ilha de Man (onde é chamado de 'Sauin') e por povos celtas britânicos com nomes equivalentes. Acredita-se que tenha origens pagãs celtas; algumas tumbas neolíticas na Irlanda estão alinhadas com o nascer do sol na época do Samhain. A literatura antiga associa Samhain a grandes reuniões, fogueiras e a abertura de túmulos como portais para o Outro Mundo.
No século IX a Igreja mudou a data do Dia de Todos os Santos para 1 de novembro e, com o tempo, Samhain e All Saints'/All Souls' influenciaram-se mutuamente, contribuindo para a formação do Halloween moderno. Desde o final do século XX, neopagãos e wiccanos celtas observam o Samhain como feriado religioso.
🦴 Lendas
A mitologia irlandesa associa Samhain a muitos contos e personagens: é dito que as 'portas' para o Otherworld se abrem, permitindo que seres sobrenaturais e as almas dos mortos entrem em nosso mundo. Contos clássicos incluem episódios envolvendo Fionn mac Cumhaill, o respirador de fogo Aillen, e outras narrativas onde heróis enfrentam criaturas que emergem do Outro Mundo. Algumas histórias mencionam ofertas e sacrifícios feitos no Samhain em épocas antigas, e diversas tradições populares e folclóricas relacionam o festival com práticas de proteção, fogueiras e hospitalidade para espíritos e Aos Sí.
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