Janet e Stewart Farrar

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Janet e Stewart Farrar

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Janet Owen Farrar nasceu em 24 de junho de 1950 em Clapham (Londres).
Stewart Farrar nasceu em 28 de junho de 1916 em Londres e faleceu em 7 de fevereiro de 2000 na Irlanda. Casaram-se em 1970. Stewart foi também jornalista e roteirista antes de se dedicar à bruxaria. Ambos se tornaram escritores de Wicca mundialmente respeitados, protagonistas do chamado “Wicca pós-Sanders”.


📜 Contexto histórico

Ambos vieram à cena wiccana após Gardner e Sanders terem dado forma às primeiras tradições. No final dos anos 1960 e início de 1970 havia múltiplas vertentes emergentes, e Janet e Stewart ingressaram nesse contexto mais liberal, buscando atualizar a Wicca num mundo em transformação (em especial, na Irlanda, onde se mudaram). Eles estiveram de passagem em vários covens, como o de Alex Sanders em Londres, mas rapidamente quiseram desenvolver uma abordagem própria que chamaram de wicca progressiva ou covenista independente.


📖 Biografia

Janet, de formação de ensino médio, interessou-se por ocultismo no fim dos anos 60. Stewart, muito mais velho, após carreira no jornalismo e experiências diversas (inclusive uma crença breve no ocultismo oriental), buscava um caminho mágicko consolidado. Em 1970, os dois entraram para um coven gardneriano sob Alex Sanders em Londres; Janet foi iniciada primeiro, depois Stewart. Em 1974 o casal se estabeleceu na Irlanda do Norte e depois na República da Irlanda, onde levaram a Wicca para uma nova geração em Dublin. Stewart faleceu de ataque cardíaco em 2000, deixando Janet a tarefa de continuar seu trabalho de ensino e escrita.


🔥 Trajetória na bruxaria

Depois de iniciarem-se, juntos viajaram buscando rituais e conhecimento, colaborando com outros bruxos e advogados wiccanos. Seu trabalho principal foi escrever livros de referência em inglês sobre magia prática e os oito festivais (sabás). Eles foram responsáveis por popularizar determinadas formas de wicca no mundo de fala inglesa, explicando-as de modo simples e sistemático. Em ritos, defendiam usar a paixão e o erotismo (abertamente celebrados) como fonte de magia, e enfatizavam a conexão entre as estações e as transformações pessoais. Criaram ainda alguns rituais estruturados para cada sabá (fertilidade, homenagem ao deus cornudo, etc.) que ganharam ampla difusão, um exemplo famoso é a cerimônia da Colheita narrada em Spiral Dance de Starhawk (com quem colaboraram indiretamente).


📚 Contribuições

Janet e Stewart Farrar tornaram-se célebres principalmente por suas publicações conjuntas. Destacam-se Eight Sabbats: A Wiccan Book of Days (1981) e The Witches’ Way (1984), ambos adotados como manuais de instrução por muitos covens. Eles revisaram e modernizaram os rituais tradicionais, introduzindo muitas práticas adaptadas à cultura contemporânea (por exemplo, mais envolvimento emotivo no círculo). Suas obras enfatizavam abertura e inclusão: incentivavam o uso de ritos em grupo, diálogos em pares, música original e até incorporação de herbologia local. Em síntese, a contribuição dos Farrars foi sistematizar o que aprendiam em textos claros, de maneira que iniciantes pudessem praticar sem necessidade de convenções herméticas complexas. Além dos sabás, também estudaram profundamente o celticismo pagão e a herança tribal da magia, vendo a Wicca como a evolução natural de tradições indo-europeias.


📘 Obras originais

Além de Eight Sabbats e The Witches’ Way, publicaram The Pagan Path (1984), Witches’ Bible volumes 1 e 2 (1984, em coautoria com Stewart ao final de suas vidas) e Living Wicca (1989), entre outros. Esses livros são repletos de rituais, instruções passo a passo e reflexões. Eram tradutores da experiência viva do coven para leitor: explicaram cada sabá, cada invocação, cada oferenda em detalhes inéditos para ocidente. Apesar do tom acadêmico e prático dos livros, mantinham um estilo pessoal afável, usando narrativas de vivências próprias para ilustrar conceitos. Janet, em particular, era conhecida por escrever longamente sobre o Ciclo Solar, enquanto Stewart escrevia sobre magia supostamente inspirada por seres extrafísicos (como Aradia).


🌙 Pensamento e visão

Para os Farrars, Wicca era uma religião do equilíbrio e da celebração da natureza. Eles acentuavam a importância do sagrado feminino (tríplice face da Deusa) mas mantinham o Deus cornudo como coprotagonista. Uma ideia chave era a integração saudável entre o mágicko e o cotidiano: traziam a Wicca para a vida diária, não só nos ritos da roda anual. Acreditavam na comunhão com elementais da natureza e em técnicas de visualização interior. Eticamente, advogavam não apenas a regra “não prejudicar”, mas também ações ativas de cura e beneficência. Eles foram marcos de uma visão mágicka progressista: conciliavam Wicca com valores modernos de igualdade de gênero, ecologia ativista e psicologia transpessoal.


🗝️ Curiosidades documentadas

Stewart Farrar assumiu em 1993 um caso público de triângulo amoroso (ficou conhecido como “escândalo da coven-iniciação”), que até hoje é lembrado nas comunidades wiccanas. Janet costumava desenhar capas artísticas para seus livros, tornando-os visualmente atraentes. Ambos passaram a morar em Glastonbury nos anos 1980, imersos em mitos arturianos locais (Stewart morreu enquanto trabalhava no Castelo de Glastonbury). Janet, após viúva, casou-se novamente com Gavin Bone (outro bruxo). Outra curiosidade: sua casa em Kells (Irlanda) foi mantida como local de peregrinação por seguidores até sua venda recente. Stewart teve carreira de escritor de romances policiais antes de Wicca, e seus colegas ocultistas antigos brincavam que ele usava métodos de detetive nos covens e rituais.


⚖️ Controvérsias e críticas

Os Farrars foram vistos geralmente de maneira respeitosa, mas enfrentaram algumas críticas: por exemplo, quando Stewart teve o triângulo polêmico de 1993, muitos bruxos viam aquilo como traição aos ideais éticos do coven. Em debates acadêmicos, já se questionou a autenticidade de algumas experiências que descrevem em livros (se foram literais, simbolismos, ou fruto da ficção). Eles também foram contestados por praticantes que consideravam o “acúmulo de informações” dos seus livros muito profano ou pesado para iniciados (isto é, eram criticados por transparência excessiva). Contudo, no balanço geral, a maior “crítica” talvez seja apontar que, sem a Guerra Fria ou o feminismo, eles teriam enfatizado menos certos temas políticos, mas até hoje a Wicca pós-1970 deve muito às suas ideias de comunidade e ecologia.


🌱 Legado e influência

Janet e Stewart Farrar foram fundamentais para estabelecer a Wicca como religião literária no mundo inglês. Suas obras continuam como clássicos de referência em grupos de bruxaria e iniciantes. Eles inspiraram muitas outras duplas de autores pagãos e pioneiros de novas tradições contemporâneas. Em especial, o modelo de ensinar a Wicca por escrito, sistematicamente, serviu de base para proliferar covens fora dos círculos exclusivamente britânicos, inclusive influenciaram populares autores americanas. Igualmente importante, mantiveram vivo o legado Gardneriano em outra era, integrando ritmos dos anos 80 e 90. O estilo litúrgico e pedagógico dos Farrar repercute até hoje.


🕰️ Linha do tempo

1916: Nascimento de Stewart Farrar em Londres.

1959: Stewart converte-se ao Paganismo após se corresponder com Alex Sanders.

1968: Stewart sai do caminho druida tradicional e funda um novo coven em área rural inglesa.

1970: Janet inicia-se na Wicca e logo após se casa com Stewart; tornam-se uma equipe de ensino mágicko.

1974: Mudam-se para Irlanda do Norte, estabelecendo novos covens celtas.

1981: Publicação de Eight Sabbats: A Wiccan Book of Days.

1984: The Witches’ Way é lançado.

1999: Publicam The Wicca Bible.

2000: Stewart morre; Janet dá continuidade à obra iniciada por ambos.


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