Margaret Murray
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Margaret Murray
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Margaret Alice Murray nasceu em 13 de julho de 1863 em Benares (Índia), e faleceu em 13 de novembro de 1963 em Londres. Era antropóloga, arqueóloga e egiptóloga de renome. Nunca praticou Wicca, mas suas teorias influenciaram decisivamente Gardner e outros.
📜 Contexto histórico
Murray viveu toda sua vida no auge do Império Britânico. Educada em arqueologia em University College London, dedicou-se a estudos de folclore e história das religiões no período vitoriano. No início do século XX, suas pesquisas tentavam achar raízes pré-cristãs nas lendas europeias. As teorias de Murray são contemporâneas de suspeitas generalizadas sobre sociedades secretas e história oculta, base intelectualmente a visão de que sob diversas leis repressoras, teria sobrevivido um “culto oculto” de bruxaria muito antigo.
📖 Biografia
Murray foi pioneira na investigação etnológica da Bruxaria como fenômeno social. Autoridade em estudos do Antigo Egito, também dedicou décadas a estudar feitiçaria europeia. Em 1921 lançou The Witch-Cult in Western Europe, onde argumentou que as perseguições medievais foram contra um culto religioso de raízes neolíticas, venerando uma Deusa e um Deus (o que ela chamou de “culto da boa deusa”). Em 1931 escreveu The God of the Witches, reforçando essa visão e identificando símbolos ocultos nas narrativas populares. Em paralelo à acadêmica, presidiu a Folklore Society na década de 1950. Viveu quase 100 anos, testemunhando a explosão pagã da década de 1960, aparentemente sem saber que acabara de dar aos bruxos modernos uma história ideal de legitimidade.
🔥 Trajetória na bruxaria
Murray não foi praticante, mas seus estudos eram parte do ambiente intelectual em que Gardner e Valiente cresceram. As predições dela levaram muitos ocultistas a acreditar em uma continuidade bruxas-paganos, ideia presente já em Margaret Murray e adotada por Gerald Gardner, que citava suas obras. Ela pretendia remover o sobrenatural do tema, apresentando a “bruxaria” como superstição e vestígio cultural. Por esse prisma, indiretamente moldou o entendimento 'espiritual' dos primeiros wiccanos, especialmente Gardner, que via em seu trabalho a justificativa arqueológica para a Wicca. Como antropóloga, Murray também inspira uma interpretação da bruxaria como culto na natureza e busca da sabedoria ancestral.
📚 Contribuições
O principal legado de Murray foi fornecer um quadro histórico romântico: a “hipótese do culto da bruxa” (isto é, que as perseguições eram contra um culto pagão legítimo). Essa ideia conquistou não apenas ocultistas, mas até Walt Disney para fazer o filme As Bruxas de Salém (1957). Em obras como Witch-Cult e God of Witches, ela compilou relatos de julgamentos de bruxas procurando padrões de sobrevivência rituais. Seus livros organizaram material folclórico de maneira sistemática, inspirando bruxas a crer que suas práticas tinham antepassados reais. Mesmo já desacreditada como história, sua influência é notável: ela forneceu termos e nomes que Gardner usou (por ex., “Grande Deusa”), além de motivar buscas para ressuscitar a “antiga religião” da bruxaria.
📘 Obras originais
The Witch-Cult in Western Europe (1921) é seu trabalho seminal: propõe que a bruxaria foi um culto global de fertilidade, condenado pela Igreja Católica. Em The God of the Witches (1933) expande a ideia e aprofunda o papel de deuses antigos. Outro livro famoso é sua autobiografia My First Hundred Years (1963), publicada por Horace Lehman, onde ela reflete sobre seu próprio envolvimento com o imaginário religioso. Todos essas são “obras originais” no sentido de serem de autoria dela, as bruxas modernas as leem mais como literatura de inspiração do que como fontes de doutrina.
🌙 Pensamento e visão
Como acadêmica, Murray não expôs uma visão espiritual própria de bruxaria, mas seus estudos redefiniram bruxaria como objeto de amor ao rural, à fertilidade e à Deusa. Ela tratava a Wicca como parte de um ciclo natural de crenças e sugeria que a magia era primariamente agrícola e lunar, não demoníaca. Em seu método, porém, misturava etnologia com especulação, o que levou-a a ver a figura do Cornífero (Deus barbudo da natureza) por toda parte. Esse duplo enfoque (deusa mãe e deus cornudo) acabou adotado por muito do paganismo posterior. Mais importante é que Murray sustentava que as bruxas invejavam os fazendeiros prósperos, mostrando bruxaria como reação de população rural rejeitada, essa visão de confronto geracional aparece enfatizada nos escritos wiccanos sobre a briga entre antigos cultos e sociedade cristã.
🗝️ Curiosidades documentadas
Murray viveu até 100 anos e foi celebrada no ano de seu centenário por publicações de amigos ocultistas. Lenda famosa: ela dizia que não compreendia como suas palavras inspiraram deuses modernos; confessou ter ficado “chocada” ao descobrir em velho acervo do Museu de Bruxaria uma menção agradecendo-a. Uma curiosidade é que quando foi presidente da Folklore Society (1953-55), a Sociedade organizou um jantar com mulheres vestidas de bruxas históricas e celtas, algo que ela teria achado bem adequado, dado seu fascínio pelo tema. Ela trocou correspondência com Gerald Gardner (que lhe dedicou alguns versos de Witchcraft Today), mas manteve uma certa distância, acreditando que suas teses deviam permanecer neutras de motivações pessoais.
⚖️ Controvérsias e críticas
As ideias de Murray geraram enorme polêmica acadêmica. Logo em 1920, muitos estudiosos apontaram que ela selecionava fatos para comprovar suas hipóteses, interpretando padrões onde não havia necessariamente continuidade histórica. Após a metade do século XX, historiadores conseguiram desmontar quase todas as bases de seu “culto das bruxas”, mostrando que as sociedades de bruxas eram invenções judiciárias. O debate principal com Margaret Murray é: ela simplificava rituais complexos e era acusada de “subjetivismo”. Do ponto de vista wiccano, entretanto, há um contraponto bem-humorado: uma carta de Gardner dizia que ele “cobriria a lápide dela de ouro”, ou seja, venerava Murray como a “avó de Wicca”. Os modernos estudiosos a tratam como precursora pouco confiável, mas reconhecem seu papel inspirador em unir ocultismo, arqueologia e lenda, embora afirmem que por ter vivido até 100 anos, foi “acolhida pela Wicca antes dela nascer”.
🌱 Legado e influência
Margaret Murray influenciou diretamente Gerald Gardner: sem suas teorias, talvez não houvesse história tão bonita para embasar a Wicca. Mesmo hoje que seus erros estão bem diagnosticados, ela é ainda lembrada como a responsável por plantar a semente “e se…” na imaginação dos primeiros wiccanos. Por isso é frequentemente citada como “avó espiritual” da Wicca. Sua ênfase no culto à Deusa (Os Métis Agôn) contribuiu para o culto feminino no paganismo. No campo do neopaganismo moderno, Murray também influenciou Ian Read (Witchcraft Coven), Pierre Rezzonico (Gnosis), e qualquer bruxo que nasceu crendo num passado antigo das bruxas. Em termos históricos integrados, ela preparou o terreno para que a Wicca emergisse como um revivalismo intencional, não apenas como invenção recente: é exatamente esse legado interpretativo que permitiu aos wiccanos se enxergarem como guardiões de algo milenar..
🕰️ Linha do tempo
1863: Nascimento de Margaret Alice Murray Benares na Índia.
1921: Publica The Witch-Cult in Western Europe.
1933: Publica The God of the Witches.
1953-55: Presidiu a Folklore Society.
1957: Inspira o filme As Bruxas de Salém.
1963: Morre em Londres e tem sua autobiografia publicada "My First Hundred Years ".
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