Alex Sanders
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Alex Sanders
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Orrell Alexander Carter nasceu em 6 de junho de 1926 em Birkenhead (Wirral, Inglaterra) e faleceu em 30 de setembro de 1988 em Worthing (Sussex). Casou-se com Doreen Stretton (1948–c.1952, dois filhos) e mais tarde com Maxine Morris (1968–1971). Apelidado de “Rei das Bruxas”, fundou a tradição conhecida como Wicca Alexandrina.
📜 Contexto histórico
Sanders viveu em um período de efervescência oculta no Reino Unido pós-1945. Contrariamente a Gardner, sua trajetória incluiu flertes com magias tidas como de orientação “esquerda” e até supostos rituais de feitiçaria negra nos anos 50, o que às vezes era utilizado como ponto de atração midiática. Na década de 1960, com a Wicca pouco conhecida ainda, ele buscou iniciar-se como bruxo. A versão oficial (apesar de não comprovada) dizia que Sanders foi iniciado na linhagem de sua avó, mas evidências históricas apontam que sua iniciação ocorreu em 1964 por membros da tradição Gardeneriana (através de Pat Kopinski). O apogeu de sua fama deu-se no cenário de contracultura dos anos 60, em um momento em que a imprensa se interessava por histórias de cultos secretos, o que ele explorou abertamente.
📖 Biografia
Filho de pais solteiros, Alex mudou-se na infância para Manchester (sob o nome Sanders) e trabalhou em laboratório farmacêutico, onde conheceu sua primeira esposa. Rompeu-se desse matrimônio com saudosismo amargo, confidenciando que lançou um "feitiço de fertilidade" que resultou em muitos netos (uma de suas histórias pessoais mais famosas). Em meados da vida adulta, após envolvimentos ocultistas controversos (cujos detalhes variavam de relato a relato), teve contato com a ala Gardneriana através do Manchester Evening News em 1964: ofereceu-se para revelar rituais secretos num artigo de jornal e aí foi confrontado e iniciado. Rapidamente formou seu próprio coven, famoso por rituais públicos com toques teatrais (velas, assombrações artificiais) no Reino Unido, muitas vezes comparados a shows. Em 1968 casou-se com Maxine, que passou a ser sua porta-voz e cofundadora do coven principal de Londres.
🔥 Trajetória na bruxaria
Sanders alegava linhagem ancestral em narrativas espetaculares, como o ritual surpresa feito pela suposta avó, mas, segundo historiadores, sua entrada formal no paganismo foi em covens Gardnerianos em 1963-64. Depois de ser iniciado, rapidamente se tornou líder de coven e divulgou abertamente a bruxaria: comprou espaço em jornais, deu entrevistas e visitou universidades, sempre apresentando-se como alguém que entendia “os caminhos antigos”. Sua tradição, posteriormente chamada de Alexandrina, seguia muito dos mesmos ritos gardnerianos (círculos, sacrifícios simbólicos, deusa e deus duplos), porém incorporou algumas inovações próprias e fórmulas de linguagem ligeiramente diferentes, mais exageradas. Ele também promoveu alta magia e demonologia arcana como parte de seus ensinamentos pessoais, misturando elementos que variavam de Wicca formal a ocultismo mais amplo.
📚 Contribuições
A maior contribuição de Alex Sanders foi popularizar a Wicca entre os meios menos convencionais, especialmente na Inglaterra e depois no Canadá, onde viajou nos anos 70. Como líder carismático, transformou a imagem do bruxo: era extravagante, misturava rituais com teatralidade e ganhou atenção da mídia, o que levou muitas pessoas a conhecerem a Wicca pela primeira vez. Dentro de sua vertente, instituiu uma linhagem paralela à Gardneriana, dando às pessoas uma segunda opção ritual. Junto com Maxine, treinou grupos de adeptos pela Europa e ofereceu cursos abertos de magia. Embora alguns o vissem como demagogo, seu efeito sobre a expansão numérica da Wicca foi real, estimava-se que em 1965 ele já tivesse iniciado centenas de novos praticantes, de ênfase inclusiva e não tradicional. Com isso, seu nome tornou-se sinônimo de renovação da Wicca para uma era mais aberta, ajudando a preparar o caminho para os wiccanos pós-60.
📘 Obras originais
Alex Sanders escreveu algumas obras populares, sobretudo The Book of the Divine Witch (O Livro da Bruxa Divina), King of the Witches (autobiografia, Rei das Bruxas) e Book of Shadows Revisited. Em seus livros busca-se explicar a Tradição Alexandrina (como em The Book of Shadows Revisited) e relatar suas experiências (em King of the Witches, escrito por June Johns com colaboração). Em The Book of the Divine Witch, explora princípios mágicos e simbologias próprias. Seus textos, no estilo confessional, enfatizam treinamento mágicko prático, revelam liturgias e defendem a bruxaria como caminho de poder pessoal, marcando-se por uma linguagem assertiva e sensual. Embora nem todos os livros tenham tido edições em português, alguns foram amplamente traduzidos ou comentados por seguidores.
🌙 Pensamento e visão
Sanders considerava a Wicca tão poderosa quanto versátil. Por vezes descrevia-se como praticante da “Mão Esquerda” quando vivia na fase de magia negra, mas depois defendeu uma Wicca com dupla face: reconhecendo tanto o lado sombrio quanto o luminoso da deusa. Ele enfatizava o papel ritual da sexualidade (“magia do prazer”), a importância do sangue como energia e a veneração intensa dos arquétipos arcanos. Em certo momento, passou a insistir na unidade de todos os “sectos wiccanos” sob uma única religião, sem diferenciações que pudessem levar a divisões. Sua mensagem foi paradoxal: pregava amor fraterno (e desejava reintegrar tradições), mas também adorava correr riscos na prática mágicka pessoal. Espiritualmente, valorizava o legado céltico e cavaleiresco na crença pagã, muitas vezes usando linguagem épica em seus discursos.
🗝️ Curiosidades documentadas
Alex Sanders era famoso por seu senso de humor ácido e por tatuar a lua em sua testa como lembrança da iniciação (relatado em sua biografia). Adotou a cor vermelha como assinatura (cabelo e roupas) para chamar atenção. Era bissexual, o que chocava a sociedade conservadora de sua época, e manteve triângulo amoroso com Maxine após o divórcio, fato que se tornou lenda interna entre wiccanos. Certa vez declarou possuir “uma biblioteca de 20.000 livros de feitiçaria”. Outra história famosa é quando tentou casar uma seguidora com uma árvore, alegando que a deusa se aliava aos humanos dessa forma, episódio que viralizou no meio pagão. Sanders também chegou a liderar grupos gnósticos órficos depois da fase wicca, tentando expandir sua influência além.
⚖️ Controvérsias e críticas
O reinado de Sanders não foi sem contratempos. Ele chocou outros bruxos ao publicar segredos de ritos em jornais (o que valorizou crescimento de adeptos, mas furou o sigilo tradicional). Prometeu linhagens antigas não comprovadas (como a história da avó Mary Bibby, já contestada), levando muitos a considerá-lo megalomaníaco. Internamente, criou inimizades: algumas sacerdotisas Gardnerianas viam-no como demolidor de segredos; Maxine Schetky (sua mulher) o acusou de instabilidade emocional; e seguidores mais ortodoxos o consideraram “distraído” de princípios autênticos da Wicca. Academicamente, é criticado por ter misturado qualidade literária duvidosa em seus livros autobiográficos e por difundir imprecisões históricas. Em suma, as críticas a Alex são as de um líder que abraçou a fama para bem e para mal, gerou divisões mas também popularizou a Wicca.
🌱 Legado e influência
Independentemente das controvérsias, Alex Sanders deixa influência marcada. Ele inspirou a criação da “Wicca Alexandrina”, que se espalhou especialmente pelo Reino Unido e pela Europa continental. Com sua imagem pública de “rei pagão”, atraiu atenção que beneficiou todo o movimento pagão dos anos 60. Ele e Maxine inspiraram sucessores, por exemplo, Janet Farrar usou muito de suas ideias iniciais antes de formar outra corrente. Sua abordagem dinâmica tornou-se modelo de como uma tradição oculta pode conviver com a mídia moderna. Mesmo após a morte de Sanders, seus ensinamentos continuaram sendo estudados por praticantes de Wicca universalistas. Em termos culturais, ele foi um dos protagonistas que conectaram a Wicca às contraculturas pós-hippies e à televisão, estabelecendo um estilo de liderança carismático que ainda se vê em festivais pagãos hoje.
🕰️ Linha do tempo
1926: Nascimento de Alex Sanders em Birkenhead.
1948: Casamento com Doreen Stretton; dois filhos (Paul e Janice).
1952: Divórcio de Doreen; segundos rumos na vida pessoal.
1962: Inicia conexão com bruxaria gardneriana via Pat Kopinski; é iniciado e se torna líder.
1964: Torna-se “King of the Witches” após crescente número de iniciações; longas entrevistas.
1965: Alega ter iniciado mais de 1.600 pessoas em 100+ covens.
1968: Casa-se com Maxine Morris; juntos lideram coven público em Londres.
1971: Separa-se de Maxine, abandona atividade pública intensa.
1979: Desenvolve a Ordem da Lua em Constantinopla com Derek Taylor.
1988: Morre de câncer em Worthing (Sussex), deixando vasta mitologia em torno de sua vida.
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