Samhain
- Henry Barbosa
- 3 de set. de 2023
- 14 min de leitura
Atualizado: 9 de mai.
🕸️ SAMHAIN — O Véu Fino da Morte
1º de Maio
Deusa: Anciã – Guardiã do Véu e dos Mortos
Deus: Rei das Sombras – Guardião do Silêncio
O Deus já partiu para o mundo dos mortos, onde reina silencioso.
O véu se torna fino.
A luz é tênue e fria.
A Deusa, agora Anciã em sua forma mais completa, governa a travessia.
Ela guarda o ventre do renascimento, enquanto vela pelos que partiram.
Ela já está gestando o novo Sol, o novo Deus.
É o fim e o começo. O portal do invisível é aberto.
E então, a Roda gira.

Mito e Narrativa: O Reencontro com o Mistério
Na mitologia wiccana, Samhain simboliza o momento em que o Deus morre, deixando sua semente germinando no útero da Deusa, que permanece soberana como a anciã da Lua até o renascimento do Deus em Yule. Nessa fase da Roda, a Deusa assume seu aspecto de Anciã e Guia das Almas, enquanto o Deus – por vezes associado a Cernunnos, o Senhor da Morte e Caça – entrega sua energia criativa para ser regenerada. Muitos rituais evocam o “Senhor das Sombras, Deus da Vida” pedindo que os ancestrais vivam conosco nas lembranças e em nossas celebrações e que possamos, com nossas vidas, honrar os que morreram; é dito que, ao fim do ciclo, tudo se reinicia. Em outras palavras, Samhain encarna o ciclo natural de morte e renascimento: tudo que descansa na noite encontrará nova forma na luz futura.
Celebrações Wiccanas
Os wiccanos celebram Samhain tanto em grupo quanto de forma individual, sempre com toques de reverência aos mortos e à transição interior. Em covens, é comum montar um altar festivo e ritual, muitas vezes ao ar livre ou sob o luar de maio aqui no hemisfério sul. Elementos simbólicos – como maçãs, abóboras, grãos e crânios – são dispostos para simbolizar o fim da colheita e a lembrança dos que plantaram e colheram antes de nós. Fotos ou lembranças dos ancestrais são colocadas no altar, e velas são acesas em sua homenagem. Durante o rito, os participantes podem compartilhar histórias dos entes queridos que partiram, ler nomes em voz alta ou até visitar um cemitério juntos para prestar homenagens. Danças e cantos celebram o ciclo da vida e da morte; pode-se servir um banquete ritual, onde cada alimento representativo – do sangue do vinho à terra do pão – é consumido em comunhão, reforçando o elo com a Deusa Mãe e o Deus renascente. Ao fim do ritual, liberam-se gratas intenções para o novo ciclo que germinará.
Mas, também é perfeitamente celebrado de maneira solitária, cada bruxo ou bruxa pode criar um momento íntimo de conexão. Dentre as práticas comuns estão erguer um pequeno altar de Samhain e dos ancestrais. Por exemplo, monta-se um altar decorado com itens de outono (folhas secas, velas laranja, pedras escuras) e fotos de entes queridos que já partiram. Outros realizam uma “ceia silenciosa”: preparam uma refeição simples (como sopas ou pães) e compartilham-na em silêncio à mesa, apenas em respeito aos ancestrais que se juntam ao momento. Alguns deixam alguma comida e bebida sobre o altar ou na entrada da casa, como tributo, animais podem consumir os alimentos na noite fria. Momentos de meditação à luz de velas, leitura de cartas de tarô ou outros oráculos buscando orientação, ou escrita num diário recordando memórias e perdões também são frequentes. A flexibilidade é a regra: tanto em grupo quanto individualmente, o essencial é criar um espaço reverente de contemplação do ciclo de vida e morte, matéria e energia, em movimento, em transformação constante.
Correspondências Mágickas
Cores: Samhain é associado às tonalidades do outono e da noite. Usam-se especialmente preto e marrom como a escuridão e a terra, além de laranja, vermelho, amarelo e roxo, refletindo folhas secas e fogueiras.
Elementos: Elemento Terra em destaque, pois simboliza o repouso e a sementeira oculta. Muitas vezes o elemento Éter também é enfatizado, representando a ligação com os ancestrais e o Oculto. A Água também pode simbolizar a conexão com as memórias. O Fogo simbolizando a esperança do retorno da luz e um canal. E o Ar pode simbolizar o véu envolvendo tudo. É um sabá que fecha e reabre um ciclo, nada mais justo do que envolver todos os elementos ciclicamente.
Ervas e Plantas: Patchouli, sálvia, alecrim, urzes, verbasco e artemísia, cedro e cipreste são comumente usadas. Folhas secas, milho e abóboras também entram na decoração ritualística. Essas ervas possuem propriedades de proteção, purificação e intuição. Sementes de abóboras servem muito bem como Runas.
Cristais: Pedras escuras como obsidiana negra, ônix negro e lápis-lazúli são favorecidas para absorver energias e proteger o praticante. Cornalina, âmbar, turquesa, conchas, corais e fósseis são ótimos por simbolizarem a passagem do tempo, a marca da vida e a conexão com o passado. Ametistas e Quartzo-Fantasma são ótimos também.
Animais: Morcegos, corvos, corujas, gatos e cães pretos e outros animais noturnos estão relacionados ao mistério e à transição entre os mundos.
Símbolos: Elementos simbólicos incluem a lua minguante, símbolo de final de ciclo, lua nova, simbolizando a escuridão e a face da deusa, caveiras e crânios, lembrando a mortalidade, folhas de outono, abóboras e velas. A própria vela esculpida em abóbora (Jack-o’-lantern) tem raízes pagãs de guiar espíritos. O caldeirão também aparece como símbolo da transformação e do portal para o Outro Mundo e também como portal para este mundo, sendo o ventre do nascimento da vida. Esses símbolos podem adornar o altar ou ser usados em talismãs para Samhain.
Alimentos e Bebidas Típicas
Durante Samhain, a cozinha ritual celebra as dádivas do final do ciclo. Pratos comuns remetem à colheita tardia e à ancestralidade:
Abóboras: Presente em tortas e purês, representam abundância e proteção.
Maçãs: Fruta sagrada do outono, símbolo de conhecimento e da vida cíclica. Podem ser assadas, usadas em tortas ou na tradicional “pesca de maçã”. A cidra de maçã – bebida fermentada dourada – é bastante consumida, evocando a energia da terra e a doçura da vida.
Pães e Bolos: Biscoitos de gengibre, pães de especiarias e o chamado “pão dos mortos” ou soul cake são feitos para honrar os espíritos. Esses alimentos têm o poder simbólico de nutrir as almas presentes – algumas tradições de bruxaria depositam pedaços no altar para as almas famintas.
Carnes e Ensopados: Ensopados quentes, sopas e pratos robustos de aves ou porco representam o último banquete antes do rigor do inverno. São uma oferenda de fortaleza e calor para o corpo.
Bebidas: Além da cidra, o vinho tinto encorpado ou o hidromel é servido em rituais, simbolizando o sangue da terra e o poder vital do Deus que dorme na terra. Muitas vezes o primeiro gole do vinho é dedicado ao Deus ou aos mortos, em rito de comunhão.
Na preparação desses alimentos, é costume imbuir cada receita de intenção, por exemplo, acrescentar ervas e consagrar cada item antes do consumo cerimonial. Ao criar os pratos, celebra-se a generosidade da natureza e a conexão com os que vieram antes, partilhando sabores que também contam histórias ancestrais.

Rituais Simples de Samhain
Além das cerimônias formais, há vários rituais simples que qualquer um pode fazer durante o Samhain, seja sozinho ou em grupo, para entrar na atmosfera do sabá:
Altar de Samhain para os Ancestrais: Monte um altar específico para o sabá, incluindo velas e elementos de outono e fotos, cartas ou objetos dos entes queridos já falecidos. Essa mesa sagrada torna-se um ponto de foco para meditar e oferecer homenagens.
Ceia Silenciosa: Prepare uma refeição, mesmo simples, e sirva-a em silêncio total em memória dos mortos. Convide familiares ou amigos para compartilhar esse momento contemplativo. Velas acesas e objetos simbólicos à mesa ajudam a criar reverência enquanto cada um lembra das histórias dos ancestrais.
Oferendas: Coloque no altar ou fora de casa pequenos pratos com comida, bebida, pães ou frutas como oferenda aos animais da natureza. Após a noite de Samhain, o que sobrar pode ser enterrado como ato de retornar a dádiva à terra.
Liberação Simbólica: Escreva num papel aquilo que deseja abandonar — medos, emoções antigas, maus hábitos — e queime-o numa vela ou fogueira controlada. Esse ato ritual de purificação auxilia no desprendimento do que não serve mais.
Conexão com o Véu: Aproveite a energia de véu fino para meditar ou trabalhar as sombras. Faça leituras de oráculos para insights sobre o próximo ciclo.
Essas práticas simples ajudam a incorporar o espírito de Samhain no cotidiano, criando um canal de diálogo íntimo com o sagrado na vida e na morte.
Ritual Completo de Samhain
Para quem deseja realizar um ritual mais estruturado de Samhain, abaixo está um roteiro exemplificativo:
Preparação e Purificação: Tome um banho ritual com ervas, por exemplo, artemísia ou alecrim, para limpar energias. Escolha roupas leves ou ritualísticas. Purifique o espaço com incenso e delimite seu círculo mágicko.
Fechamento do Círculo: Oriente-se sobre os quatro pontos cardeais, evocando as energias dos Quatro Elementos. Proclame a criação do círculo, por exemplo: “Neste círculo sagrado trabalho protegido pelas forças do Deus e da Deusa.”
Invocação das Divindades: Chame a Deusa na forma da Anciã e o Deus em seu aspecto de Senhor dos Mortos. Por exemplo: “Ó Grande Mãe anciã, guardiã das almas, e Tu, Deus das Sombras, recebei nossa homenagem. Acolhei este círculo enquanto viajamos entre a vida e a morte.” Durante a invocação, podem ser colocados no altar oferendas como pão consagrado e cálice de vinho, abençoando-os em nome das divindades.
Consagrações e Oferendas: Consagre elementos do sabá – por exemplo, abençoar a comida servida ou ungir objetos com óleos. Oferte simbolicamente um bolo aos deuses. Também podem ser acesas velas em memória de ancestrais, cada participante nomeando um ente querido.
Interação Simbólica: Realize uma ação central que incorpore o tema do sabá. Algumas ideias: cortar uma maçã ou pão em fatias, compartilhando-as entre os presentes – cada fatia representando união com o mundo como um todo; ou plantar sementes simbolicamente em terra, como o Deus está germinando no ventre da Deusa, visualizando novas intenções germinando do solo da transformação. Durante este momento, cada pessoa pode expressar algo que deseja que floresça junto à semente quando a terra esquentar. Também pode queimar numa fogueira ou vela, algo que deseja se livrar, esquecer, banir ou se libertar.
Comunhão e Meditação: Sentados em círculo ou em frente ao altar, faz-se uma breve contemplação guiada. Podem ser contadas histórias de ancestrais, tocadas músicas suaves ou entoados cânticos simples. O silêncio também é sagrado: ouvir o próprio respirar e sentir a presença dos outros planos cria uma profunda conexão.
É um ótimo momento para se trabalhar com as sombras.
Encerramento do Ritual: Agradeça às divindades e aos presentes. Despedindo-se, desfaça o círculo no sentido contrário, desatando, imaginando ou verbalizando, os laços mágicos e simbolicamente soltando qualquer energia residual para a terra, abrindo o círculo. Apague ou mantenha acesso o fogo e velas do altar conforme o costume, muitas tradições deixam as velas acesas até se apagarem. Por fim, finalize o círculo agradecendo à terra, ar, fogo e água, e recolha os pertences físicos do ritual.
Esse ritual completo integra todos os elementos clássicos – abertura de círculo, invocação, oferendas, ação ritual e encerramento – mas pode ser simplificado ou enriquecido conforme a vivência do grupo. O importante é a intenção clara: honrar o ciclo de vida e morte, os ancestrais e a renovação que Samhain traz.
Simbologias e Ensinamentos de Samhain
Samhain carrega símbolos profundos sobre o ciclo da vida e o mistério da morte. O sangue da Deusa gerando o Deus, a semente enterrada na terra fria, são metáforas de renascimento. Samhain é um “Lugar de Renascimento” – o momento de “ferver o caldeirão da mudança” e plantar as sementes do ano que virá. Para os wiccanos, este sabá ensina a reconhecer a importância do repouso e da transformação: assim como a terra adormece no inverno para germinar mais tarde, nós também devemos deixar morrer o velho para acolher o que nasce de novo.
Além disso, Samhain enfatiza a introspecção e o trabalho com a “sombra” pessoal. No véu fino entre os mundos, confrontamos nossos medos e sombras internas – confiando que estes também fazem parte da jornada rumo à luz. O respeito aos ancestrais é outro ensinamento chave: honrar quem veio antes reforça nossa própria identidade e nos recorda de que fazemos parte de uma linhagem contínua. Em suma, Samhain nos lembra que morte não é fim absoluto, mas porto de passagem. Ele nos convida a aceitar a impermanência, praticar gratidão e confiança – valores que iluminarão o novo ciclo de vida por vi

Origens Históricas
Trechos abaixo sobre origem e retirados dos ensinamentos de Ágatha Kimura
Samhain (fala-se ``Sou-win'') é um festival gaélico marcando o final da festa colheita de estação e começo do inverno ou "metade mais escura" do ano. No hemisfério norte, é realizada em 1 de novembro, mas com as celebrações começando na noite de 31 de outubro, já que o dia celta começa e termina ao pôr-do-sol e no Hemisfério Sul é dia
30 de abril e 1 de maio.
Isso é mais ou menos na metade do caminho entre o equinócio de outono e o solstício de inverno . É um dos quatro festivais sazonais gaélicos, junto com Imbolc, Beltane e Lughnasadh.
Historicamente, foi amplamente observado em toda a Irlanda, Escócia e Ilha de Man (onde é chamado de 'Sauin'). Um festival semelhante foi realizado pelos celtas britânicos, chamados Calan Gaeaf no País de Gales , Kalan Gwav na Cornualha e Kalan Goañv
na Bretanha .
Acredita-se que o Samhain tenha origens pagãs celtas, e algumas tumbas da passagem neolítica na Irlanda estão alinhadas com o nascer do sol na época do Samhain. É mencionado pela primeira vez na literatura irlandesa mais antiga, do século IX, e está associado a muitos eventos importantes da mitologia irlandesa . A literatura antiga diz que Samhain era marcado por grandes reuniões e festas, e foi quando os antigos túmulos foram abertos, que eram vistos como portais para o Outro Mundo. Parte da literatura também associa o Samhain a fogueiras e sacrifícios.
O festival não começou a ser registrado em detalhes até o início da era moderna. É quando o gado é trazido das pastagens de verão e é abatido. Como em Beltaine, fogueiras especiais eram acesas. Elas foram consideradas como tendo poderes de proteção e limpeza, e havia rituais envolvendo-os.
Como em Beltaine, o Samhain era um festival limiar, quando a fronteira entre este mundo e o Otherworld se estreitou, significando que Aos Sí (os “espíritos” ou “fadas”) poderiam facilmente entrar em nosso mundo. No Samhain, eles foram apaziguados com ofertas de comida e bebida, para garantir que as pessoas e seus rebanhos sobrevivessem ao inverno. As almas dos parentes mortos também foram pensadas para revisitar suas casas em busca de hospitalidade, e um lugar foi colocado à mesa para eles durante uma refeição Samhain.
No século IX, a Igreja mudou a data do Dia de Todos os Santos para 1 de novembro, enquanto 2 de novembro mais tarde se tornou o Dia de Finados . Com o tempo, acredita-se que Samhain e All Saints '/ All Souls' influenciam um ao outro, e eventualmente se fundiram no Halloween moderno . Folcloristas usaram o nome 'Samhain' para se referir aos costumes gaélicos de Halloween até o século XIX.
Desde o final do século 20, neopagãos e wiccanos celtas observaram o Samhain, ou algo baseado nele, como um feriado religioso.
Lendas
A mitologia irlandesa era originalmente uma tradição falada, mas grande parte dela foi eventualmente escrita na Idade Média por monges cristãos.
A mitologia irlandesa diz que Samhain foi um dos quatro festivais sazonais do ano, e o conto do século 10 Tochmarc Emire ('O cortejo de Emer') lista Samhain como o primeiro desses quatro "quartos de dia". A literatura diz que uma paz seria declarada e havia grandes reuniões onde eles realizavam reuniões, festejavam, bebiam álcool, e realizavam competições.
Essas reuniões são um cenário popular para os primeiros contos irlandeses. O conto Echtra Cormaic ('Aventura de Cormac') diz que a Festa de Tara era realizada a cada sétimo Samhain, organizada pelo Alto Rei da Irlanda, durante o qual novas leis e deveres foram ordenados; qualquer um que violasse as leis estabelecidas durante esse tempo seria banido.
De acordo com a mitologia irlandesa, Samhain (como Bealtaine) foi uma época em que as 'portas' para o Outro mundo se abriram, permitindo que seres sobrenaturais e as almas dos mortos entrassem em nosso mundo; enquanto Bealtaine era um festival de verão para os vivos, Samhain "era essencialmente um festival para os mortos". The Boyhood Deeds of Fionn diz que os sídhe (montes de fadas ou portais para o Outro mundo) "estavam sempre abertos no Samhain". A cada ano, o respirador de fogo Aillen emerge do Otherworld e incendeia o palácio de Tara durante o festival Samhain depois de acalmar todos para dormir com sua música. Um Samhain, o jovem Fionn mac Cumhaillé capaz de ficar acordado e mata Aillen com uma lança mágica, pela qual ele é feito líder do fianna.
Em um conto semelhante, um Samhain the Otherworld sendo Cúldubh sai do túmulo em Slievenamon e arrebata um porco assado. Fionn mata Cúldubh com um arremesso de lança quando ele entra novamente no monte. O polegar de Fionn fica preso entre a porta e a coluna quando ela se fecha, e ele o coloca na boca para aliviar a dor.
Como seu polegar estava dentro do Otherworld, Fionn é agraciado com grande sabedoria. Isso pode se referir à obtenção de conhecimento dos ancestrais. Acallam na Senórach ('Colóquio dos Anciões') conta como três mulheres lobisomens emergem da caverna de Cruachan (um portal do Outro mundo) para cada Samhain e matar o gado. Quando Cas Corach toca sua harpa, eles assumem a forma humana, e o guerreiro fianna Caílte então os mata com uma lança.
Alguns contos sugerem que ofertas ou sacrifícios eram feitos no Samhain. No Lebor Gabála Érenn (ou 'Livro das Invasões'), cada Samhain do povo de Nemed tinha que dar dois terços de seus filhos, seu milho e seu leite aos monstruosos Fomorianos. Os fomorianos parecem representar os poderes nocivos e destrutivos da natureza; personificações do caos, escuridão, morte, praga e seca. Este tributo pago pelo povo de Nemed pode representar um "sacrifício oferecido no início do inverno, quando os poderes das trevas e da praga
estão em ascensão". De acordo com os Dindsenchas posteriores e os Anais dos Quatro Mestres — Que foram escritos por monges cristãos — Samhain na antiga Irlanda era associado a um deus ou ídolo chamado Crom Cruach . Os textos afirmam que um filho
primogênito seria sacrificado no ídolo de pedra de Crom Cruach em Magh Slécht . Eles dizem que o rei Tigernmas , e três quartos de seu povo, morreram enquanto adoravam Crom Cruach naquele Samhain.
Os lendários reis Diarmait mac Cerbaill e Muirchertach mac Ercae morrem, cada um, uma morte tripla no Samhain, que envolve ferimentos, queimaduras e afogamento, e da qual estão prevenidos.

Halloween
Segundo acadêmicos, era uma homenagem ao "Rei dos mortos". Estudos recentes destacam que o Samhain tinha entre suas maiores marcas as fogueiras e celebrava a abundância de comida após a época de colheita. O problema com esta teoria é que ela se baseia em poucas evidências além da época do ano em que os festivais eram realizados.
A comemoração, a linguagem e o significado do festival de outubro mudavam conforme a região. Os galeses celebravam, por exemplo, o "Calan Gaeaf"
Há pontos em comum entre este festival realizado no País de Gales e a celebração do Samhain, predominantemente irlandesa e escocesa, mas há muitas diferenças também.
Em meados do século VIII, o papa Gregório III mudou a data do Dia de Todos os Santos de 13 de maio - a data do festival romano dos mortos - para 1º de novembro, a data do Samhain.
Não se tem certeza se Gregório III ou seu sucessor, Gregório IV, tornaram a celebração do Dia de Todos os Santos obrigatória na tentativa de "cristianizar" o Samhain. Mas, quaisquer que fossem seus motivos, a nova data para este dia fez com que a celebração cristã dos santos e de Samhain fossem unidos. Assim, tradições pagãs e cristãs acabaram se
misturando.
O Dia das Bruxas que conhecemos hoje tomou forma entre 1500
e 1800.
Em 1845, durante o período conhecido na Irlanda como a "Grande Fome", 1 milhão de pessoas foram forçadas a imigrar para os Estados Unidos, levando junto sua história e tradições. Não é coincidência que as primeiras referências ao Halloween apareceram na América pouco depois disso. Em 1870, por exemplo, uma revista feminina americana publicou uma reportagem em que o descrevia como feriado "inglês".
A princípio, as tradições do Dia das Bruxas nos Estados Unidos uniam brincadeiras comuns no Reino Unido rural com rituais de colheita americanos.
As maçãs usadas para prever o futuro pelos britânicos viraram cidra, servida junto com rosquinhas, ou "doughnuts" em inglês. O milho era uma cultura importante da agricultura americana - e acabou entrando com tudo na simbologia característica do Halloween americano. Tanto que, no início do século 20, espantalhos - típicos de colheitas de milho - eram muito usados em decorações do Dia das Bruxas.
Foi na América que a abóbora passou a ser sinônimo de Halloween. No Reino Unido, o legume mais "entalhado" ou esculpido era o turnip, um tipo de nabo.
Uma lenda sobre um ferreiro chamado Jack que conseguiu ser mais esperto que o diabo e vagava como um morto-vivo deu origem às luminárias feitas com abóboras que se tornaram uma marca do Halloween americano, marcado pelas cores laranja e preta.
Foi nos Estados Unidos que surgiu a tradição moderna de "doces ou travessuras". Há indícios disso em brincadeiras medievais que usavam repolhos, mas pregar peças tornou-se um hábito nesta época do ano entre os americanos a partir dos anos 1920.
As brincadeiras podiam acabar ficando violentas, como ocorreu durante a Grande Depressão, e se popularizaram de vez após a Segunda Guerra Mundial, quando o racionamento de alimentos acabou e doces podiam ser comprados facilmente.
Mas a tradição mais popular do Halloween, de usar fantasias e pregar sustos, não tem qualquer relação com doces. Ele veio após a transmissão pelo rádio de Guerra do Mundos, do escritor inglês H.G. Wells, gerou uma grande confusão quando foi ao ar, em 30 de outubro de 1938, onde a transmissão fez a população americana entrar em pânico com uma invasão alienígena violenta ocorrendo naquela noite. Ao concluí-la, o ator e diretor americano Orson Wells deixou de lado seu personagem para dizer aos ouvintes que tudo não passava de uma pegadinha de Halloween e comparou seu papel ao ato de se vestir com um lençol para imitar um fantasma e dar um susto nas pessoas.
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